quarta-feira, 10 de junho de 2015

PARÁBOLA SIMPLES



Pelo Espírito Irmão X
Do Livro: Contos e Apólogos
Psicografia de Francisco Cândido Xavier



Diversos aprendizes rodeavam o Senhor, em Cafarnaum, em discussão acesa, com respeito ao poder da palavra, acentuando-lhes os bens e os males.
Propunham alguns o verbo contundente para a regeneração do mundo, enquanto outros preconizavam a frase branda e compreensiva.
Reparando o tom de azedia nos companheiros irritadiços, o Mestre interferiu e contou uma parábola simples.
Certa feita – narrou, com doçura–, o Gênio do Bem, atendente à prece de um lavrador de vida singela, emitiu um raio de luz e insuflou-o sobre o coração dele, em forma de pequenina observação carinhosa e estimulante, através de uma boca otimista. No peito do modesto homem do campo, a fagulha acentuou-se, inflamando-lhe os sentimentos mais elevados numa chama sublime de ideal do Bem, derramando-se para todas as pessoas que povoavam a paisagem.
Em breve tempo, o raio minúsculo era uma fonte de claridade a criar serviço edificante em todos os círculos do sítio abençoado; sob a sua atuação permanente, os trigais cresceram com promessas mais amplas e a vinha robusta anunciava abundância e alegria.
Converteu-se o raio de luz em esperança e felicidade na alma dos lavradores e a seara bem provida avançou, triunfal, do campo venturoso para todas as regiões que o cercavam, à maneira de mensagem sublime de paz e fartura.
Muita gente ocorreu aquele recanto risonho e calmo, tentando aprender a ciência da produção fácil e primorosa e conduziu para as zonas mais distantes os processos pacíficos de esforço e colaboração, que o lume da boa vontade ali instalara no ânimo geral.
Ao fim de alguns poucos anos, o raio de luz transformara-se numa época de colheitas sadias para a tranquilidade popular.
O Mestre fez ligeiro intervalo e continuou:
–Veio, porém, um dia em que o povo afortunado, orgulhando–se agora do poderio obtido com o auxílio oculto da gratidão que devia à magnanimidade celeste e pretendeu humilhar uma nação vizinha. Isso bastou para que grande brecha se abrisse à influência do Gênio do Mal, que emitiu um estilete de treva sobre ao coração de uma pobre mulher do povo, por intermédio de uma boca maldizente.
A infortunada criatura não mais sentiu a claridade interior da harmonia e deixou que o traço de sombra se multiplicasse indefinidamente em seu íntimo de mãe enceguecida... Logo após, despejou a sua provisão de trevas, já transbordante, na alma de dois filhos que trabalhavam num extenso vinhedo e ambos, envenenados por pensamentos escuros de revolta, facilmente encontraram companheiros dispostos a absorver-lhes os espinhos invisíveis de indisciplina e maldade, incendiando vasta propriedade e empobrecendo vários senhores de rebanhos e terras, dantes prósperos.
A perversa iniciativa encontrou vários imitadores e, em tempo curto, estabeleceram-se estéreis conflitos em todo o reino.
Administradores e servos confiaram-se, desvairados, a duelo mortal, trazendo o domínio da miséria que passou a imperar, detestada e cruel para todos.
O Divino amigo silenciou por minutos longos e acrescentou:
– Nesta parábola humilde, temos o símbolo da palavra preciosa e da palavra infeliz. Uma frase de incentivo e bondade é um raio de luz, suscetível de erguer uma nação inteira, mas uma sentença perturbadora pode transportar todo um povo à ruína...
Pensou, pensou e concluiu:
– Estejamos certos de que se lhe oferece à paisagem, a treva rola também, enegrecendo o que vai encontrando. Em verdade, a ação é dos braços, mas a direção vem sempre do pensamento, através da língua. E sendo todo homem filho de Deus e herdeiro dEle, na criação e na extensão da vida, ouça quem tiver “ouvidos de ouvir”.

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FONTES DE PESQUISA SOBRE "A PALAVRA"

“Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.” (Mateus 15:7,8)
 O que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que contamina o homem.(Mateus 15,11)
“Ainda não compreendeis que tudo o que entra pela boca desce para o ventre, e é lançado fora? Mas, o que sai da boca, procede do coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, fornicação, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15:17-19)

“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem." - Paulo. (Efésios, 4:29)

“Surgem, sim, as ocasiões em que todas as forças da alma se fazem tensas, semelhando cargas de explosivos, prestes a serem detonadas pelo gatilho da boca...
Momentos de reação, diante do mal, em que a fagulha da mágoa, assoma do intimo, aviventada pelo sopro do desespero. Entretanto, mesmo que a indignação se te afigure justificada, reflete para falar.
A palavra não foi criada para converter-se em raio da morte...
Guardar o silêncio, quando preciso, mas falar sempre que necessário a desfazer enganos e a limpar raciocínios, entendendo, porém, que Jesus não nos confiou a verdade para transformá-la numa pedra sobre o crânio alheio e sim num clarão que oriente aos outros e alumie a nós.” (Emmanuel – Livro da Esperança - Amenidades)

“Palavras são agentes na construção de todos os edifícios da vida. Lancemo-las na direção dos outros, com o equilíbrio e a tolerância com que desejamos venham elas até nós...
E sempre que irritação nos visite, guardemo-nos em silêncio, de vez que a cólera é tempestade magnética, no mundo da alma, e qualquer palavra que arremessamos no momento da cólera, é semelhante ao raio fulminatório que ninguém sabe onde vai cair.” (Emmanuel – Livro da Esperança – Verbo Nosso)


“Não esquecermos em tempo algum o poder criativo da palavra. O que falas é dito com toda a força daquilo que és. Por isso, o problema não se limita unicamente a falar, mas a falar para o bem com a poda de tudo o que se faça inconveniente ao equilíbrio ou à segurança do próximo.
Precioso é o ministério daqueles que suprimem a penúria material, e sublime será sempre o apostolado daqueles que ensinam, dissolvendo o nevoeiro da ignorância; entretanto, não menos valioso é o trabalho daqueles outros que facilitam a estrada dos semelhantes.
Qualquer de nós sabe remover um perigo na via pública ou extirpar a planta venenosa no chão doméstico, atentos à nossa responsabilidade na vida comunitária.
Como não auxiliar o companheiro de experiência, calando o apontamento capaz de amargar-lhe a existência, tão sequiosa de paz quanto a nossas Para isso não é necessário cultivar indisposições com aqueles amigos outros que ainda falam, desconhecendo, muita vez, as realidades do espírito. Basta instalar o filtro da compreensão na acústica da alma. Tudo o que nos traumatize os sentimentos é justo arredar do nosso intercâmbio com os demais, porquanto a regra áurea deve ser chamada a legislar no assunto, a fim cio que nos venhamos a falar a outrem aquilo que não desejamos que outrem nos fale.
Observemos, sobretudo, na condição de criaturas terrestres, o equipamento de que a Sabedoria Divina nos revestiu para controle dos recursos verbais: dois olhos, dois ouvidos; todavia, tão-somente uma boca e, assim mesmo, antes que a palavra se prefigure nos lábios, temos os impulsos do coração a se projetarem para o cérebro e, no cérebro, esses mesmos impulsos se transformam em pensamentos, suscetíveis de sofrer rigorosa seleção, qual acontece aos alimentos em casa.
Examinemos todas as ideias que nos surjam à cabeça, e, assim como sabemos evitar as batatas deterioradas, toda vez que as ideias não edifiquem, desliguemos as tomadas da atenção, a fim de que nos decidamos a empregar esquecimento e distância com elas.” (Pelo Espírito Emmanuel – Do livro Alma e Coração - Falar e Ouvir)



“A palavra é um fio de sons carregados por nossos sentimentos; em razão disso, aquilo que sentimos é o remoinho vibratório que nos conduzirá a palavra ao lugar certo que nos propomos atingir. Quando falamos, cada qual de nós apresenta o próprio retrato espiritual passado a limpo.
Conversando, dialogamos; dialogando, aprendemos. Quem condena atira uma pedra que voltará sempre ao ponto de origem.
As artes são canais de expressão derivados do verbo: a escultura é a palavra coagulada, a pintura é a palavra colorida, a dança é a palavra em movimento, a música é a palavra em harmonia; mas a palavra, em si, é a própria vida.
Quando haja de reclamar isso ou aquilo, espere que as emoções se mostrem pacificadas; um grito de cólera, as vezes, tem a força de um punhal.
Sempre que possa e quanto possa abstenha-se de comentar o mal; a palavra cria a imagem e a imagem atrai a influência que lhe diz respeito. Você falou, começou a fazer.
Não fale na treva para que a treva não comece a caminhar por sua conta.
Abençoadas serão as suas palavras sempre que você fale situando-se na posição dos ausentes ou no lugar dos que lhe ouvem a voz.” (Pelo Espírito André Luiz – Do Livro Respostas da Vida – Conversa)

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